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Analistas defendem que reflexão sobre criminalidade deve começar no Governo

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O Investigador do Centro de Integridade Pública, Borges Nhamire, e o sociólogo Helder Jauana acreditam que a reflexão sobre o envolvimento de agentes da Polícia da República de Moçambique em actos criminais peca ao restringir-se apenas a PRM, sendo que nos outros sectores, incluindo o Governo, se tem assistido a mesma situação.

O Comando Geral da Polícia da República de Moçambique assumiu haver Agentes na corporação envolvidos em crimes de rapto e assaltos com recurso a armas de fogo. Bernardino Rafael, Comandante Geral da PRM, instruiu os vários sectores da Polícia a reflectirem sobre as causas do envolvimento dos agentes em actos criminais e apresentar soluções, num prazo de 30 dias.

No entanto, Borges Nhamire diz acreditar que a reflexão devia ser feita, primeiro, no Conselho de Ministros, visto que, nos últimos anos, vários ministros foram acusados e alguns levados a julgamento devido a actos de corrupção.

“Nos últimos 20 anos, muitos ministros foram julgados por estar envolvido em actos criminosos, temos o exemplo do antigo Ministro do Interior, dos dois antigos Ministros dos Transportes e Comunicações, do antigo director do SISE, que não ministro mas é equivalente. Então, essa reflexão não deve ser feita somente no comando da polícia, deve começar do topo”.

Nhamire disse ainda que o Presidente devia chamar a reflexão o motivo dos membros do Governo estarem envolvidos em actos criminais. “A corrupção é tão crime ou é pior do que a extorsão na rua”, argumentou.

Num país, continuou o analistas, onde todos são criminosos não vale a pena fazer uma análise somente a nível da Polícia, mas em todos os sectores. “Tem que se fazer uma reflexão nacional sobre crime, porque se criou um sistema que se reproduz no crime, as pessoas querem ser nomeadas chefes para roubar e não para servir”.

Borges acrescenta ainda que a corrupção instalou-se de tal forma que até para garantir que a morgue conserve o corpo de um familiar é necessário fazer um pagamento.
“Na situação actual que se vive no país, não vamos fazer reflexão a nível da PRM e pensar que estamos a resolver algum problema, por isso, não é a nível do comando que deve ser feita esta reflexão”.

Precisamos, rematou o pesquisador, de um Presidente que tenha a corragem de ordenar uma reflexão nacional para “pararmos de cometer crimes usando o Estado”.
Por seu turno, Hélder Jauana explica que a corrupção foi normalizada no país, e, por isso, a reflexão deve ser levada para além da Polícia, mas, também, é necessário que se tenha em conta a questão de baixos salários.

“Se levamos uma pessoa que não tem nada, para negociar um orçamento para a reabilitação de estradas, e temos que ter em mente que quem dá esse orçamento sabe disso, pode ser que lhe dê mais dinheiro para o aliciar a estar cada vez mais endividado”.

É preciso, continuou Jauana, que se defina uma margem sobre a qual um servidor público pode ter uma comissão, para garantir que sejam prestados melhores serviços. “A corrupção é endémica na sociedade, então porquê que estamos a olhar só para a polícia”, questionou.

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