analistas Fernando Lima, Moisés Mabunda e Samuel Simango acreditam que os últimos resultados das tropas nacionais revelam falta de preparo para fazer frente aos ataques terroristas sem o apoio das forças internacionais.
Depois de, na última Sexta-feira, os terroristas atacarem e ocuparem a zona de Macomia em Cabo Delgado, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, sublinhou a necessidade de as tropas moçambicanas prepararem-se para cuidar da nação sem ajuda externa.
Fernando Lima explicou que o facto do ataque ter sido antecedido pela saída das Forças Militares da SADC foi um teste para as tropas nacionais mostrarem se estão ou não em altura de fazer frente aos ataques terroristas, e o facto de Macomia ter ficado refém por 24 horas mostra alguma fraqueza.
Lima disse ainda que politicamente e em termos de terreno, as forças de Moçambique estão a tentar mostrar que têm capacidade para defender o seu próprio território, porém, os resultados não são satisfatórios. “Não é um bom sinal e não são boas notícias internacionais quando um território importante como Macomia é atacado, logo depois da retirada das forças estrangeiras”.
Samuel Simango, por sua vez, analisa o ataque a Macomia em duas dimensões: a narrativa política e a narrativa militar. A política, segundo Simango, mostra que as forças armadas estão em condições de assegurar os espaços deixados pelas forças internacionais, entretanto, a narrativa militar faz chegar a conclusão que ainda é necessário algum preparo.
A narrativa militar, continuou o analista, também nos faz concluir que o tempo de preparação das nossas forças para ocupar os espaços deixados não foi suficiente, ou, estrategicamente, os comandos não foram eficazes.
“Já se sabia que as tropas sul africanas e as forças da SAMIM iam abandonar aqueles espaços, então, deviamos estar preparados. Creio que os terroristas se tenham aproveitado do momento de reocupação das tropas nacionais para fazer a sua incursão. Devemos formatar as fragilidades do nosso Estado, para que os terroristas não se sintam confiantes em dirigir novos ataques”.
Moisés Mabunda acrescenta que o último ataque terrorista é preocupante, porém é prematuro afirmar que se deva a retirada das tropas da SAMIM.
“Houve a indicação de que se previa que acontessem esses ataques, mas ainda assim não fomos capazes de fazer frente a isso, significa que há muito trabalho a ser feito”.
Entre diversos desafios, os analistas estão de acordo que ainda não se pode dizer que as tropas moçambicanas estão a falhar, afinal viemos de um passado em que Quissanga foi ocupado por duas semanas, e Macomia por 24 horas, então, obviamente houve algum avanço.