Início política Militares sul-africanos ficam em Moçambique até final do ano

Militares sul-africanos ficam em Moçambique até final do ano

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O pesquisador João Feijó e o analista de política Paulo Uache dizem que a extensão da missão dos soldados sul-africanos em Cabo Delgado se deve à intenção de garantir a paz para melhor ambiente de negócios entre os dois países, entretanto, vislumbra-se também um cenário de luta pela hegemonia no continente.

A retirada da missão da SAMIM que combate o terrorismo em Cabo Delgado desde 2021 é vista como indícios do enfraquecimento da batalha contra os insurgentes que o país trava há quase sete anos. Ora, acerca da extensão da missão dos soldados sul-africanos para até 31 de Dezembro próximo, o investigador João Feijó entende que poderá ser crucial, sob o ponto de vista de não permitir o retorno dos terroristas às zonas já libertadas. Contudo, o analista não descarta a possibilidade de haver outros interesses.

“África do Sul tem um grande interesse em Moçambique, necessita dos recursos naturais, portos e mão de obra para o desenvolvimentos dos seus projectos. Então, é normal que queira controlar politicamente o que se passa no país e garantir a sua presença, sobretudo porque esta presença é mais sentida na região Sul e vai diminuindo na medida em que entramos para o Norte”, afirma Feijó.

Para o analista, a permanência de Ruanda e da África do Sul pode ter motivações políticas.

João Feijó entende que “há aqui um espaço de competição pela influência e hegemonia. Sem dúvidas, estamos nesta situação: duas grandes potências que disputam entre si, não só a zona de influência política, mas também a zona de controlo de segurança e, depois, a obtenção de contratos periféricos ao gás”.

Por sua vez, o analista de política externa, Paulo Uache, olha para a decisão do Governo sul-africano como uma forma de se impor ao nível do continente e diminuir forças ao Ruanda, que  tem vindo a ganhar espaço no teatro operacional norte.

Para que o seu estatuto não fique beliscando, Uache entende que “África do Sul sente a necessidade de permanecer. Ademais, a razão mais forte é que a permanência do Ruanda, sendo um país da África Central minúsculo no teatro operacional norte enquanto as forças da SAMIM se movimentam, pode significar tomada de poder e controlo da região”, acredita.

O analista da política externa alerta para as consequências financeiras que podem advir da permanência dos mais de 1500 soldados sul-africanos, uma vez que a extensão acontece fora da plataforma da SADC. O certo é que serão necessários mais de 980 milhões de rands, o correspondente a mais de 3,5 mil milhões de Meticais.

O  ministro da Defesa Nacional disse, na passada quinta-feira, que o Governo desconhece a nobre intenção da África do Sul, uma vez que ainda não recebeu informação oficial, um aspecto que leva à divergência de opiniões entre analistas.

Se para João Feijó a falta de conhecimento da informação por parte do Governo significa desleixo e falta de vontade, para Paulo Uache, a resposta de Cristovão Chume à imprensa pode ter sido uma forma de esquivar e deixar que seja o próprio Presidente da República a dar a informação, na qualidade do comandante-chefe das Forças de Defesa e Segurança.

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