O antigo chefe de Estado, Joaquim Chissano, diz que os conflitos em África são resultado do legado deixado pelos colonos. Chissano falava ontem, na Conferência Científica sobre a Construção do Estado em África. Já a ministra da Administração Estatal, Ana Comoana, defende que a academia deve procurar soluções aos desafios do continente.
A Cidade de Maputo acolhe, desde ontem até hoje, uma série de debates sobre a construção do Estado em África, no âmbito do Dia de África, efeméride que se assinala a 25 de Maio. O evento acontece no contexto em que o continente se debate com conflitos em vários países. Para Chissano, a causa é bem clara.
“As potências europeias dividiram o continente em territórios arbitrários sem levar em consideração as fronteiras étnicas, culturais ou históricas existentes. Este legado colonial deixou profundas cicatrizes, fragmentando comunidades, desencadeando conflitos e deixando para trás estruturas de governação frágeis e, não raras vezes, opressivas”, disse Chissano.
No discurso de abertura da conferência, a ministra da Administração Estatal e Função Pública, Ana Comoana, desafiou a academia a contribuir com soluções para travar o que retarda o desenvolvimento do continente.
“Falamos das mudanças climáticas, conflitos armados, terrorismo, entre outros, que retardam o desenvolvimento e bem-estar dos povos deste berço da humanidade, que é o nosso continente. A resposta a estes desafios passa, inevitavelmente, pelo debate de ideias que, mesmo provindo de diferentes sensibilidades, requerem a sua orientação estruturada e científica para uma compreensão mais informada sobre o passado, presente e o futuro do continente”, defendeu a governante.
A conferência junta académicos nacionais e estrangeiros, tendo como objectivos a apresentação e discussão de resultados de pesquisa científica sobre a construção do Estado em África, divulgar resultados de investigação científica sobre a construção do Estado em África, promover a investigação entre pesquisadores nacionais e estrangeiros no domínio das ciências sociais e políticas.
Por outro lado, o evento pretende estimular o diálogo entre investigadores, organizações da sociedade civil e tomadores de decisão.
Além dos objectivos já mencionados, a conferência serve para lançar e dar a conhecer a existência da Universidade de Ciência e Tecnologia Joaquim Alberto Chissano, UJAC.
No fim da conferência, poderá ser emitida uma declaração resultante dos debates.